Manejo de nutrientes e uso de fosfitos no controle de doenças de plantas

Antonio Luiz Fancelli

Antonio Luiz Fancelli 
O uso indiscriminado de defensivos e o estreitamento da base genética das plantas cultivadas têm favorecido a seleção de novas raças de patógenos, mais agressivas, aumentando consideravelmente as perdas e os custos de produção. Diante disso, é necessário a combinação de formas alternativas de controle de doenças para um melhor e mais racional programa de manejo.
Dentre as principais causas para a ocorrência e predisposição das plantas a patógenos e insetos-praga, está o desequilíbrio nutricional (carência ou excesso), que pode ser considerado como um dos principais fatores responsável pelo desencadeamento dos mecanismos de defesa.
Os nutrientes estão envolvidos, direta ou indiretamente, nestes mecanismos e a nutrição inadequada pode ocasionar má formação de compostos orgânicos primários (aminoácidos, proteínas, enzimas e outros); redução na taxa de ativação de enzimas e desequilíbrio hormonal; acúmulo de compostos orgânicos de menor peso molecular (glicose, sacarose e aminoácidos livres); redução de síntese de compostos secundários que atuam como inibidores da evolução de pragas e doenças e redução da produtividade.
Portanto, o diagnóstico dos nutrientes (deficiência ou excesso) e a garantia de sua disponibilidade efetiva, tornam-se estritamente necessários para o estabelecimento de programas de manejo objetivando o equilíbrio nutricional da planta.
Fancelli et al². (2005) demonstrou a possibilidade da redução da incidência e severidade da ferrugem asiática da soja, mediante a aplicação foliar conjunta de Mn e Cu, nos estádios V5 e R1 da soja, antes da constatação da mencionada doença. Os resultados obtidos levaram a um incremento de 20% na produtividade. Justificando tal resultado, têm-se os papéis de cada um destes nutrientes na planta, sendo que o Mn, além de apresentar papel relevante na fotossíntese, atua no sistema enzimático e na síntese de fitoalexinas, favorece a maturação das plantas, participa na síntese de proteínas e também reduz os efeitos de fotossensibilização provocada por radiação intensa, sem contar com sua participação no processo de divisão celular. Enquanto que o Cu participa na fotossíntese, no metabolismo de compostos de defesa como fenóis e quinonas, além de, juntamente com o Mn, ter um papel fundamental na síntese de lignina, a qual funciona como uma barreira contra a penetração de patógenos, bem como atua nas enzimas que inativam os oxidiantes deletérios.
 Além disso, as plantas podem se defender através da indução de resistência, que corresponde à ativação dos mecanismos naturais de defesa da planta. Neste contexto, os fosfitos (PO3-) se apresentam como importante estratégia de manejo, pois são substâncias capazes de ativar os mecanismos de defesa das plantas e reduzir a severidade das doenças.
Os fosfitos podem atuar de forma direta, por ter ação fungicida sobre alguns fungos invasores no interior do tecido da planta causando morte ou inbição do crescimento do fungo, se mostrando efetivos em controlar doenças do grupo dos Oomicetos, como o Míldio; e indireta através da ativação dos sistemas de defesa das plantas. Alguns autores mencionam que os fosfitos estimulam a síntese de fitoalexinas, que são substâncias químicas naturais de defesa, sendo capazes de contribuir efetivamente para o controle de patógenos.
Dentre algumas evidências obtidas com a aplicação de fosfitos, foi realizado um trabalho na cultura do feijão com o Phytogard Mn®, da Stoller do Brasil, um fertilizante foliar composto pelo ácido fosforoso (fosfito) e por Mn e verificou-se que quando aplicado na dose de 2,0 L/ha no estádio fenológico R5 (primeiros botões florais visíveis) junto à uma e duas aplicações de fungicida composto por Piraclostrobina (0,3 L/ha) resultou em redução na severidade de Antracnose de 83% e 93%, respectivamente (Figura 1). Adicionalmente, foram observados incrementos na produtividade do feijoeiro nos tratamentos compostos de Phytogard Mn® + Fungicida em relação àqueles com apenas fungicida, conforme apresentado a seguir (Figura 2).
 Severidade de Antracnose

 


Figura 1. Severidade da Antracnose na cultura do feijão

Produtividade
 




Figura 2. Produtividade do feijoeiro


Concluindo, o equilíbrio nutricional e o desencadeamento da maior resistência das plantas aos patógenos resultam na combinação ideal para que o manejo das doenças nas plantas seja mais racional e efetivo, garantindo um sistema de produção mais sustentável, produtivo e lucrativo.

Antonio Luiz Fancelli é engenheiro Agrônomo, MSc. Dr. e Docente do Departamento de Produção Vegetal, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) 

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