Alteração climática e prejuízo financeiro


Antonio Carlos Porto Araujo * 
 
As mudanças climáticas, numa análise macroeconômica, são consideradas como o principal fator de risco para a economia mundial. Ela deverá acarretar até 2012, movimentações financeiras diretas e anuais da ordem de mais de US$ 200 bilhões. Grande parte em prejuízos decorrentes de indenizações em seguros e adequações às políticas nacionais de cada país no controle de emissões de gases de efeito estufa. Não é exagero supor que o clima poderá se tornar ponto primordial de todas as questões relacionadas com a segurança e soberania das nações. Nesse conjunto de fragilidades, o Brasil é obrigado a manter programas emergenciais para minimizar os sintomas e efeitos da devastação ambiental provocada essencialmente por ações antrópicas do homem moderno.Poderíamos continuar a elencar todo o tipo de preocupação que cada profissional convive no seu dia-a-dia em função da deterioração da qualidade ambiental e climática no mundo e, em especial, no Brasil.        
Ocorre que, como toda a questão, envolve diretamente impactos financeiros e econômicos. Não se trata de deixar de lado a questão social, nem de discutir qual questão merece maior preocupação. Trata-se de articular as preocupações e procurar um equacionamento economicamente viável, ambientalmente amigável, politicamente exeqüível, socialmente justo.A maior demanda por serviços públicos de saúde em decorrência do aumento da temperatura, da diminuição da qualidade do ar, das epidemias, dentre outras, poderá criar necessidades de gastos anuais na ordem de R$ 8 bilhões.
A quebra de produção agrícola com secas e enchentes, a perda em armazenagem e transporte deve gerar prejuízos no Produto Interno Bruto (PIB) agrícola de cerca de R$ 10 bilhões.Fazendo um cálculo conservador, no Brasil, os prejuízos decorrentes das alterações climáticas e a perda de geração de receita nos diversos setores produtivos poderão representar um montante de cerca de R$ 47 bilhões durante o ano de 2009, igual a todo o PIB do Uruguai e Paraguai somados.Se essa ineficiência pudesse ser evitada, os benefícios seriam percebidos distributivamente. Melhor qualidade no emprego das receitas públicas, maior capacidade de investimento na produção – viabilidade de retorno ao investimento prudente – enorme poder de geração de emprego e renda.A solução, então é enfrentar esse desafio com esforços conjuntos da sociedade e com o fomento do governo nas três esferas, para que a questão ambiental seja trabalhada dentro do conceito que possamos sair perdendo menos com isso. 
 
* Antonio Carlos Porto Araujo é advogado, ambientalista, consultor da Trevisan Consultoria e editor da Trevisan Editora Universitária.Email: antonio.araujo@trevisanconsult.com.br

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